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A ditadura do prazer: você sente a pressão de ser “transante”?

Atualizado: 7 de mar. de 2022


A supervalorização do prazer pode ser uma armadilha.



Até anos atrás a palavra "prazer" mal era pronunciada nas rodas de conversa. Os temas masturbação e orgasmo eram quase que proibidos. Com a emancipação da mulher, olhar para dentro e para suas necessidades tornou-se o próximo passo. “Bom, agora que tenho o meu próprio dinheiro, o que mais posso conquistar?” E, aos poucos, o prazer começou a habitar o pensamento feminino. E nós, com mais acesso à informação, mergulhamos na busca pelo autoconhecimento.


Como sexóloga, posso dizer que com essa mudança de comportamento tenho sentido uma supervalorizacão do prazer aliado ao orgasmo. Já ouvi clientes dizerem que precisam ser “transantes”, como uma obrigação. Quem transa é mais feliz? Bom, o orgasmo ajuda a trazer a felicidade porque causa um processo químico no corpo com a liberação de dopamina, ocitona e outros hormônios. Acontece que o sexo não pode se tornar um compromisso.


O que na essência é tão bom, acaba virando uma armadilha. A urgência dos novos tempos chegou até as relações sexuais. Muitas mulheres que não têm uma vida sexual “tão transante” (como algumas das minhas clientes) se sentem inferiores ou frustradas quando perguntadas sobre quando foi a última vez que transaram.


Mais do que um orgasmo, a relação é abraço, gentileza, dormir de conchinha, conversar antes de dormir, dar bom dia e boa noite, saber onde gosta de ser tocada e onde o outro também gosta que o/a toquem. Ou seja, prazer é a intimidade com você e com o outro.

E se naquele dia você quis ficar em casa vendo TV em vez de beijar alguém, não tem problema. Não importa quantas vezes você transou na semana, no mês ou no ano: o importante é (sexualmente falando) olhar sempre para você, ver o que te faz feliz no momento e o que realmente quer. A liberdade de saber quais são suas reais necessidades deve ser o seu maior prazer.


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* Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil


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