Maio é considerado o Mês da Masturbação e a nossa colunista e sexóloga Luciane Angelo abre uma conversa sobre os orgasmos instantâneos.
Há tantas datas curiosas sobre o sexo, não é mesmo? Antes de abrir uma conversa, explicarei porque maio é oficialmente o Mês da Masturbação, desde 1995, nos Estados Unidos. A efeméride foi criada para homenagear a médica e secretária de saúde, Joycelyn Elders, demitida por Bill Clinton, em dezembro de 1994, após defender em uma conferência de combate à Aids da ONU, a inclusão da masturbação na educação sexual nas escolas. Em protesto ao desligamento, a sexóloga Carol Queen organizou o evento Masturbate-A-Thon no mês de maio, onde foi instituído oficialmente o Mês da Masturbação.
Detalhado o motivo da data, agora vamos ao assunto em si. A pandemia trouxe este assunto aos holofotes por se tratar não somente de prazer em si, mas de saúde. Como já disse aqui algumas vezes, o orgasmo libera uma série de hormônios de bem-estar para o nosso corpo, auxiliando na harmonia entre corpo e mente. Mas, como em quase tudo na nossa vida, a indústria se aproveita dos temas em voga e a masturbação também entrou nesse balaio.
Falo isso porque recebo muitos e-mails de sex shops e suas ofertas de produtos. E um deles me chamou a atenção vendendo um vibrador sugador de clitóris com a publicidade “tenha um orgasmo em 30 segundos”. Aquilo me saltou aos olhos porque na hora questionei: “não quero cronometrar a chegada do meu orgasmo, quero me conhecer mais, ter novas sensações e mais prolongadas”. O que é tão primordial para nos entendermos como mulheres, está se transformando em algo automático, sem vida.
Vibrador é ótimo, mas a mulher precisa saber dosar para não se tornar refém da tecnologia. Use-o em masturbações intercaladas: uma vez chegue ao orgasmo com as ondas artificiais; em outro momento, com os movimentos das pontas dos dedos. Somente utilizar o vibrador cria-se “um vício” fazendo, muitas vezes, com que você depois somente goze com o aparelho e não mais em penetrações ou o masturbar tradicional, sem uso de gadgets. O famoso empoderamento não está em comprar um vibrador e sim saber fazer uso dele. Não limite-se a esses 30 segundos. Pra quê algo tão prazeroso, ser tão rápido? O seu momento mais íntimo, ser tão mecânico? Descubra-se de várias formas, perceba o ápice chegar devagarinho. Quer sensação mais deliciosa do que sentir aos poucos até a chegada do clímax? Não acelere seu prazer. Não sou contra vibradores, aliás, eu adoro. Mas masturbe-se como forma de autoconhecimento e não somente com a finalidade do orgasmo.
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Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.
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