É o que diz a pesquisa do renomado Archives of Sexual Behavior: o “o orgasmo ruim” é o reflexo da falta de sincronia entre o corpo e a mente.
A sexualidade é um universo ainda com muitos mistérios a serem revelados. Recentemente descobriu-se que nem todo orgasmo é bom. Existem, sim, os orgasmos ruins. Uma pesquisa do jornal Archives of Sexual Behavior entrevistou 726 pessoas e descobriu que aproximadamente 55% delas haviam passado por essa experiência durante o sexo consensual entre casais, namorados, flertes, ficantes. Aqui foi excluído atos de violência, como o estupro, por exemplo. Em quais situações esses orgasmos ruins surgem? Durante o sexo indesejado, aquele quase coito de rotina; ao se sentir pressionada a ter um orgasmo; ou quando a pessoa é coagida a fazer sexo mesmo não querendo. Este último item é polêmico porque alguns estudiosos veem a coerção sexual como inerentemente não-consensual, mas esses participantes descreveram especificamente suas experiências como consensuais.
"Às vezes apenas a estimulação física é suficiente para provocar uma resposta fisiológica ao orgasmo, mesmo em situações em que o efeito negativo é alto e a excitação e desejo psicológico e físico estão ausentes", escrevem os pesquisadores no artigo. Ué, mas e o desejo, a fantasia tão citados entre os teóricos da sexologia e psicanálise como itens essenciais para se atingir o orgasmo? Aí entra a não-sincronia entre o corpo e mente: o corpo é despertado, mas a mente não -- ou vice-versa. Tanto que muitas vítimas de estupro têm orgasmo durante o ato. Se o orgasmo fosse somente consequência do desejo e fantasia (fabricados pela mente) e não existissem os processos químicos e ligações físico-cerebrais (corpo), a vítima não entraria em processo orgástico. Mas toda essa química existe e a dopamina está entre os componentes. O “orgasmo bom” é aquele com sincronia entre corpo e mente, entre química e fantasia. LEIA MAIS:
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* Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.
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