Esses dias revi uma aula do psiquiatra Flávio Gikovate, que foi um dos principais nomes brasileiros na área dos relacionamentos, e em uma de suas falas ele tocou no assunto vaidade. “Muitas vezes damos mais importância para falar aos nossos amigos que ficamos com fulana (o), do que o ficar, o momento propriamente dito.” A plateia tão necessária para alimentar a vaidade, o outro saber que nos “demos bem”, o externo maior que o interno, tudo isso atinge a esfera íntima, o sexo em si.
Quantas vezes você transou para agradar ao outro? Quantas vezes transou sem vontade? Eu já e inúmeras vezes. Disso, pelo menos, me libertei. Agora somente faço sexo quando realmente quero e o outro também. Caso o outro não queira, me masturbo e tudo bem também.
Nos cobramos de uma performance sexual à altura das melhores séries de casais das plataformas de streaming. Nem falo aqui de filme pornô porque eles estão levando uma lavada perante às cenas de sexo destas novas produções que possuem coordenadores de cenas íntimas. O papai-mamãe que é bem gostosinho não damos valor porque ali na “nossa cena”, precisamos gritar, gemer alto, fazer movimentos acrobáticos para o outro entender que estamos tendo prazer. Mas você está tendo realmente ou só quer passar para o outro que está? Qual seu orgasmo real no fim da transa? O de se contentar em abastecer o ego do outro (mando tão bem que você gozou horrores – mal sabe ele) ou o de se preencher de vontade e tesão verdadeiros, sem performance hollywoodiana? Claro, vontade não precisa excluir a performance. Está a fim de fazer, faça! Mas muitas vezes a performance exclui a vontade.
Voltando ao sábio Gikovate, “quanto maior a vaidade, menor a autoestima”. A plateia (a pessoa com quem está transando) alimenta sua vaidade e quanto mais insegura você é na cama, mais precisa da aprovação do outro. Lembre-se: quando você tem a autoestima elevada, você não precisa de plateia para te aprovar. Você simplesmente transa porque deu vontade. O seu tesão torna-se o centro do seu prazer. É uma simples matemática: vaidade/o precisar da aprovação alheia alta é igual à autoestima baixa. E o contrário se faz verdadeiro.
Sexo é vontade, não performance. Olhe para você e para o seu íntimo. Qual a sua vontade?
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Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.
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