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Sexo no metaverso

Atualizado: 11 de nov. de 2022

Apesar de proporcionar novas maneiras de explorar o erotismo, a web 3.0 também traz alertas sobre como devemos lidar com as trocas sexuais no ambiente digital.

Desde que o metaverso virou tema nas rodas de conversa, muitas formas e ideias de como explorar essa novidade e o que ela poderia nos proporcionar começaram a surgir. E, claro, o sexo e a experiência sexual dentro dessa nova realidade virtual está entre elas.


Mas se o sexo já é polêmico na vida real, imagina na virtual... Já existem, inclusive, vários relatos sobre tentativas de estupro, assédio sexual e toque sem consentimento. "Mas como assim, Lu, já que se trata de um ambiente virtual?". Embora fisicamente você não esteja no mesmo local que outras pessoas, o seu avatar está ali na sala virtual. Ou seja, a sua audição, visão e emoção estão presentes e, de certa forma, você interage com outros usuários. Então, a agressão se torna tão real quanto no mundo tradicional.


Entre os abusos relatados, estão exemplos como o de um avatar feminino que foi cercado por avatares masculinos e recebido por falas agressivas e um avatar que foi tocado sem consentimento. Uma pesquisa realizada pelo Center for Countering Digital Hate (CCD), em dezembro do ano passado, descobriu que houve 100 possíveis violações das políticas para realidade virtual da Meta, uma das principais empresas do setor, no espaço de 11 horas e 30 minutos. Além de assédio e agressão sexual, o comportamento abusivo destacado no relatório inclui racismo, bullying e ameaças de violência. Os relatos de abuso que li só mostram que o virtual e a ficção seguem como uma triste extensão do mundo real. A violência contra as minorias segue de forma agressiva, seja no mundo off-line ou on-line.


A repercussão negativa de episódios dentro da realidade virtual já trouxe algumas mudanças na política de segurança da Meta como, por exemplo, a implementação de funções para silenciar, bloquear e denunciar outras pessoas e um limite pessoal para ajudar a evitar interações indesejadas. "A Meta, até mesmo pelo tamanho e responsabilidade que tem hoje, se tornará esse lugar com mais regras, um espaço corporativo onde você tem uma etiqueta de atuação. Mas o metaverso, as novas redes sociais, está longe de se encerrar dentro da Meta. A parte negativa de qualquer tecnologia depende de quem a usa e de quem está por trás dela", explica Olivia Merquior, co-fundadora da Iara, empresa de estratégias de imersão em web 3, e da BRIFW, primeira semana de moda da América Latina dedicada à integração da moda com a tecnologia.


Por outro lado, quando a tecnologia é usada a favor da construção de uma sociedade mais desenvolvida e como um meio de solucionar problemas, ambientes positivos são criados através dela. Um exemplo de inclusão proporcionado pelo metaverso são as experiências sexuais possibilitadas para pessoas com mobilidade reduzida, por exemplo, que podem ter algumas limitações para se expressar sexualmente no mundo real. "Um dos lados positivos do metaverso é criar uma nova camada para seu imaginário até onde seu desejo realmente vai. E, muitas vezes, burlando restrições que a sociedade no mundo material te dá", diz Merquior.


Atualmente, há uma série de ambientes virtuais independentes que nos aproximam desse mundo imersivo, como o Horizon Worlds e Horizon Venues, ambos lançados no ano passado pela Meta. Há empresas que oferecem salas exclusivas para sexo, como a Viro Playspace, com dinâmicas e roteiros a sua escolha, existem também locais que vendem vibradores habilitados para Bluetooth para que os usuários possam sentir fisicamente o que está acontecendo com eles virtualmente, como a estimulação do clitóris na vida real. Tudo acontece enquanto a pessoa assiste à tela, trazendo uma sensação mais real para quem está fazendo sexo virtual. "Isso, para mim, é o metaverso: essa integração que proporciona o estímulo dos fetiches, seja visual, sensorial ou auditivo, a partir de uma relação que ocorre numa plataforma imersiva. Ao mesmo tempo que você está em um ambiente digital, está sendo estimulado sensorialmente e atravessado por alguma tecnologia", explica Merquior. *Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil. LEIA MAIS: + Por que uma mulher livre incomoda tanto? + 7 motivos para ter orgasmos regulares + O erotismo como parte da rotina de autocuidado

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