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Vamos falar de pornô ético?

Atualizado: 21 de set. de 2022

Muito longe dos falsos orgasmos e gemidos merecedores de um Troféu Framboesa, a pornografia ética tem como objetivo o prazer no sentido mais puro.


A pornografia tem muitas nuances, mas, infelizmente a mais convencional "machista-britadeira-violenta" ainda segue como a mais popular. Um outro nicho aos poucos começa a ganhar força: o pornô ético. O que seria isso? Uma produção erótica com o bem-estar e direitos do elenco em primeiro lugar. Ali na cena, eles e, principalmente, elas não precisam seguir nada imposto ou algo que não se sintam confortáveis. São livres para fazer o que dá prazer, nada mais do que isso. E se não gozar, não gemer nível megafone não tem problema. Está bom, gostoso para o elenco? É isso que vale.


Aqui o natural, a intimidade ganha destaque. O contrário do que acontece nas produções em massa. O público deste "novo" gênero é majoritariamente formado por mulheres cansadas de se sentirem violentadas e objetificadas ao assistirem um pornô ou até mesmo as atrizes ao encenarem e estes mesmos sentimentos virem à tona. Lembro-me de uma vez, ao entrevistar uma atriz pornô, ela confessou que ficou mais de 30 minutos aplicando lidocaína (anestésico) para aliviar a dor provocada na região anal, ao tentar fazer uma cena de sexo com um ator famoso no gênero. Sim, uma violência.


O Ético vem para afastar essa dor e, principalmente, trazer mais respeito e prazer a todos os envolvidos. Erika Lust é uma das cineastas mais famosas nesse segmento, que começou a ganhar força nos anos 80 com as americanas Candida Royalle e Annie Sprinkle, ambas educadoras, produtoras e profissionais do sexo.


É isso. O sexo não precisa ser a objetificação da mulher, nem na fantasia. Ele pode ser intenso, mas de outra forma, com um tesão mais ético. E há muitas mulheres entrando para o segmento como diretoras e produtoras deste tipo de conteúdo. Vamos saudá-las e apoiá-las. Vamos consumir mais filmes eróticos produzidos por mulheres, deixando assim essa estética machista para trás. E homens, deixem a pornografia feminista ser feita por mulheres. Não ousem tentar ganhar o chamado pink money e roubar também esse nosso terreno. Fiquem no seu lugar de fala, por favor.


Aqui 5 exemplos de conteúdos que você pode explorar:

Lust Cinema: o prazer feminino de forma mais real, mais sensível e respeitoso. Erika Lust é uma das principais produtoras do setor.


FrolicMe: plataforma de Anna Richards que traz também fotografias, além de vídeos. Ela explora filmes que os casais possam assistir juntos.


OMGyes: Aqui é um pool de educação sexual sobre o prazer da mulher e como explorá-lo. Um conteúdo vasto desde filmes a pesquisas.


Make Lov Not Porn: Plataforma de Cindy Gallop que defende o sexo real. Os casais voluntariamente enviam vídeos de si mesmos fazendo sexo e a metade do dinheiro vai para os próprios protagonistas.


JoyBear: Desde 2003 promove vídeos com personagens feministas e sexualidade positiva, com atrizes pagas de maneira justa.


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Texto originalmente publicado para o site da Vogue Brasil.


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